quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Carta para 2008

Olá 2008

Sei que você já está de saída, mas espera um pouco, você fez o que bem entendeu comigo durante o tempo que ficou aqui, agora você vai escutar algumas coisas.

Antes de mais nada, você é um canalha, você é o ano mais imaturo de todos que já conheci... e olha que eu conheço quase 18. Você chegou e brincou com todo mundo, deixou-me solto aqui agora, tentando encontrar um rumo. Você deixou toda a bagunça para 2009, que eu nem conheço ainda, mas que logo está chegando.

Ah 2008, pra quê? Será que você achava que dor pouca não era suficiente? Será que você achou divertido acabar com o que me fazia bem? Só te pergunto, pra quê?

Você vai embora mesmo, eu não tenho nada a perder, eu só quero que você saiba, e pra sempre carregue isso com você... você vai morrer em algumas horas, e tudo o que eu preciso é que você saiba disso. Não culpo as pessoas que estiveram presentes esse ano, eu culpo você 2008. Eu espero, realmente, que 2009 seja mais maduro que você, até porque eu já estou cansado de tanta pancada. E caso você já o conheça, e ele for brincar com todo mundo de novo (perdoe a minha cara de pau de te xingar antes e te pedir coisas agora, mas seja razoável, considere com carinho), por favor me leva junto com você...

Angustiadamente, Dario Tavares.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

sobre palavras secretas

Quando o toque de uma mão te faz perceber qual é o teu encaixe, o que se deve fazer?
Deve-se olhar para o lado e dizer que aquilo é tudo o que você sempre esperou, ou o melhor a fazer é não verbalizar as coisas?
Deve-se segurar com muita força, e perceber que quanto mais se aperta mais o encaixe diz: "é disso que eu sempre precisei".
É basicamente como ter ficado ali, imóvel durante muito tempo, e junto com o vento, inesperadamente, olhar para o lado, e ter teu peito pulando de felicidade, e medo. É basicamente como ter ficado ali "segurando uma foto tua e dizendo às pessoas: se você vir essa garota, por favor, diga a ela onde eu estou";
É basicamente a mesma sensação de ter perdido o mundo, e depois de tanto tempo, quando ter perdido o mundo parecesse tão normal, você volta a ver que o mundo te faz falta, e que aquelas borboletas no estômago não são somente algo do passado, algo que não volta mais; que aquelas pernas bambas, que quase não conseguem te segurar, não são somente coisas de emoções passadas... os significados gritam, e os olhos são calmos, ternos, e a distância tem de ser segura.
Incrível como os olhos se enchem de lágrimas tão facilmente, pareceria fraqueza com qualquer outro alguém, mas não, você diz: "você nunca teve medo de mostrar o que você sente". Eu seguro tudo nos ombros, pego tudo no peito, e te protejo do que vir.
A única coisa que sei, é que eu não me movo, eu não me mexo, eu somente olho para o lado, e te digo: sou quem vai estar sempre ali, para quando você disser a palavra secreta.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

sobre latinhas e chiados de canudinhos

então, como eu dizia, as coisas têm mudado.
aliás, sinto como se elas estivessem indo embora, como quando se toma um refrigerante e a latinha vai ficando levinha levinha, até ouvir-se o chiado do canudinho nas ultimas gotinhas de líquido.
Um dia ouvi um amigo dizer que sentia-se como se não pertencesse ao local onde mora, sentia-se como um viajante, apenas de passagem, pronto para ir embora, aliás, voltar para casa.
Ouvi de olhos, que a tristeza mais triste, é a tristeza de um pássaro aprisionado. Suas asas ficam fracas, e seu canto fica enfadado, cansado e melancólico.
Ouvi dos olhos que me fizeram feliz durante todos esses 17, quase 18 anos, ouvi dos olhos, não sempre dos mesmos, ouvi de olhos de já se apagaram, ouvi de olhos que nem me olham mais, mas que em certas circunstâncias, já fui de muito agrado, além de olhos, ouvi de abraços, ouvi de sorrisos.
Como disse no começo, sinto que tudo isso ta acabando. Mas é só essa parte que acaba, depois dela vem outra e depois mais outra e mais outra.
Descobri que a vida pode ser bonita, mesmo tendo essa cara tão complicada, e descobri, que agora, quero ir.
A latinha fica leve, levinha, bem levinha, de repente, o chiado do canudinho.
É só fechar os olhos, e saber que agora vem mais, e que é tudo diferente do que vocâ já viu ou imaginou, e por isso pode ser difícil.
Mas quer saber? Tô dentro, to indo pra lá.
Lá onde?
Vai saber, apenas to indo.
e sorrindo.